Portugal é um país de tradições e o pão é uma tradição popular.
Durante séculos o pão foi o alimento base das famílias e era feito em fornos de lenha, os chamados “fornos comunitários”.
Os fornos comunitários eram utilizados pelos habitantes da localidade com o objectivo de cozer a massa do centeio/trigo/milho que, anteriormente, tinham semeado nas terras de cultivo.
Estes fornos, cujo material de construção era a pedra, dispunham no seu interior de uma abóbada de pedra dura e rija, e como eram feitos para ser utilizados por todos os habitantes da aldeia, eram fornos grandes, pois coziam de cada vez 5 a 6 alqueires de milho, de trigo ou centeio.
As famílias juntavam-se, punham a lenha a arder, quando viam que o forno estava quente, iam buscar a maceira de massa, limpavam as brasas do forno, cada uma trabalhava a sua massa e colocavam o pão dentro do forno, no qual era antes posto um sinal, para assim ao tirar o pão cozido do forno sabiam pelo sinal a quem pertencia.
Servia também para em dias de festa a comunidade se juntar e cada família à vez assava as carnes e os bolos mais leves e punham a conversa em dia enquanto aguardavam.
Em muitas aldeias havia a “forneira” que aquecia o forno, tratava da lenha, deitava o pão e cuidava dele durante a cozedura.
Nesses casos a “forneira” tinha direito a uma “maquia” que era um pão por fornada.
Sempre que se juntavam no forno para cozer o pão, tinham a preocupação de o fazer em grandes quantidades para evitar tirar a vez aos restantes habitantes, já que o hábito era juntarem-se famílias e juntos cozer grandes fornadas.
Hoje, embora os fornos comunitários tenham perdido a importância socio/cultural e económica de outos tempos, com a chegada do turismo rural dá-se um volte-face e procuram-se de novo sabores e paladares de “antigamente”!
Sendo os fornos comunitários um importante património material e cultural que demostra a identidade das suas gentes, a Freguesia da Guarda, que possui este riquíssimo património, tem apostado, de há uns tempos a esta parte, na recuperação desses espaços por forma a disponibilizá-los à comunidade.
Para ilustrar este apontamento nada melhor do que alguém que nos recorda todo este processo.
Estivemos à conversa com Sr. Vasco Gaspar, natural de Carvalhal que em tempos, aqui na cidade, foi proprietário de uma taberna, foi operador de máquinas agrícolas e industriais e esteve sempre ligado à terra e a todas as suas tradições.
Convidamo-lo agora a espreitar o vídeo e a descobrir por exemplo palavras e significados como a “masseira”, “dua”, “poial", ...
Nas palavras ficam as saudades das conversas ao redor da fogueira, do cheirinho a pão acabadinho de fazer, num bom forno de lenha.
Ora ouça!
Recuperámos memórias... recuperámos tradições!
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